A sustentabilidade da avicultura

sustentabilidade da avicultura


Amélia M Delgado (PhD) Embaixadora do Pacto Climático (Sistemas Alimentares Sustentáveis; Investigadora e Consultora)

Vivemos uma era, designada por muitos como Antropoceno devido às alterações permanentes que a nossa espécie causou no planeta, incluindo a atual emergência climática [1,2,3].
Dominamos o mundo numa lógica de extrair-transformar- consumir-descartar, o que tem causado danos irreversíveis ameaçando a nossa própria sobrevivência. As evidências acumuladas são finalmente traduzidas em ações concretas, decorrentes de novas visões da economia [4] e legislação pioneira [5].
As transformações em curso são inevitáveis e, como expetável geram receios e trazem oportunidades. Assistimos a uma mudança de paradigma: de uma lógica de produção em massa, de unidades uniformes, em larga escala (modelo económico linear) para uma lógica de racionalização e reutilização de recursos, valorização do capital natural, e personalização de produtos e serviços (modelo económico circular).
Portugal, como os restantes países da orla mediterrânica possui um território de orografia irregular, problemas de gestão de água que tendem a agravarse [6,7] e uma elevada agro-biodiversidade [8], que por um lado é uma fonte de riqueza (capital natural) mas por outro lado pode ser um fator limitante, enquanto matéria-prima (caso de raças autóctones) dado que a sua disponibilidade está ligada ao território e condicionada por fatores geofísicos e outros. Por variadas razões, nos países do sul da Europa, a revolução industrial raramente se traduziu em sucessos económicos, enquanto os países do norte, com as suas reservas de carvão e petróleo e com as suas planícies férteis, prosperaram. Talvez tenha chegado a nossa oportunidade. A nova lei do clima e tendências de mercado emergentes, podem ser oportunidades para PMEs do ramo alimentar, sobretudo se apoiadas técnica e financeiramente. Precisamos que este processo de transição seja eficaz.
No contexto atual, além das oportunidades, há ainda que considerar ameaças, desde as diretamente dependentes das alterações climáticas (fenómenos meteorológicos extremos, perdas de colheitas agrícolas, novas doenças), às criadas por instabilidade de franjas da sociedade (ex. danos patrimoniais causados por grupos organizados movidos por ideologias radicais). Sendo a migração para a economia circular¹ um processo complexo, inevitável mas carregado de incertezas, o envolvimento de múltiplos atores (hélice quadrúpla: académicos, decisores políticos, produtores e consumidores), desde o levantamento de necessidades ao desenho de políticas, sua adequada implementação, controlo e melhoria, pode ser crucial para o sucesso das medidas conducentes ao desenvolvimento sustentável.
Os padrões de consumo estão em evolução e as preocupações com o impacto ambiental dos alimentos tem vindo a crescer sobretudo nas zonas urbanas, junto de camadas da população com níveis mais elevados de escolaridade e entre os jovens [9, 10].
As máquinas de marketing de grandes grupos económicos têm tentado impor o conceito de “consumidor global”, a fim de uniformizar preferências, promovendo a comida rápida e os alimentos ultra-transformados, formulados a partir de um número reduzido de ingredientes (derivados de palma, milho, soja), obtidos em geral à custa da destruição de floresta tropical, elevados níveis de desperdício e más condições de trabalho. Este sistema alimentar é insustentável, dos pontos de vista nutricional e ambiental e também nocivo a nível social, por potenciar a erosão de culturas ancestrais e deteriorar as condições para o desenvolvimento de pequenos negócios. É útil não esquecer a máxima “pensar global e agir local”.
Retornando à crise climática, é importante referir que, em 2018, um americano produziu, em média, uma pegada ecológica de cerca de 17.6 t CO2, enquanto a pegada ecológica média de um português no mesmo período foi de 5.5 t CO2 [11]. Para além disso, alguns regimes alimentares tradicionais, de origem milenar, como a nossa Dieta Mediterrânica, são hoje considerados como exemplo de boas práticas e estão na base de guias alimentares em inúmeros países. Partimos pois com vantagem ao trilharmos este novo caminho, numa lógica de melhoria contínua.
É preciso sublinhar que nenhum país do mundo parece posicionado para cumprir integral e atempadamente os ODS, algo que depende da cooperação, destacada no ODS 17. Portugal aparece bem posicionado, com um índice de desempenho global de 77.7% (fig. 1), o que não significa que possamos abrandar o ritmo de aplicação das medidas de combate às alterações climáticas, uma vez que se trata de um problema sério e urgente.
Numa abordagem de pormenor, a figura 1 evidencia pontos de melhoria, para os quais as empresas podem contribuir e que certamente lhes interessará numa ótica de negócio, alinhada com uma crescente relevância da sua responsabilidade social e ambiental, na promoção da sua imagem, reputação e resultados alcançados.
Assim, ao analisar as métricas em que se baseia a figura 1, verifica-se que o mau desempenho no ODS 2 se deve à prevalência de excesso de peso e obesidade, com os correspondentes desequilíbrios a nível nutricional e risco acrescido de doenças.


Figura 1: Desempenho nacional no que respeita à agenda 2030. Os desempenhos em cada um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), calculados a partir de métricas pré-estabelecidas, estão representados a verde, amarelo ou vermelho, consoante o seu grau de execução.

As empresas poderão agir sobre este ODS e simultaneamente sobre o ODS 12 (produção e consumo responsáveis) por exemplo através de marketing informativo e construtivo, parcerias com instituições académicas, para transferência de conhecimento, etc. Atividades essas que poderão simultaneamente contribuir para melhorar a resiliência e reputação da marca.
No que respeita ao ODS 13 verifica-se que o problema reside essencialmente na importação de pegada de carbono, ou seja, na incorporação na cadeia de produção de matérias-primas e ingredientes provenientes de fornecedores que não respeitam a agenda 2030.
Ora, tal como no caso da segurança alimentar, um bom processo de rastreamento permite prevenir a importação de problemas que, no mínimo e no curto-prazo, podem afetar a reputação da marca e condicionar o comportamento dos consumidores face ao produto. O setor da alimentação é pois complexo e deve ser abordado de uma forma holística.
A bem do planeta e da saúde, a nossa alimentação deve ser variada, contribuindo quer para garantir a ingestão suficiente e diversificada de nutrientes e nutracêuticos, quer para salvaguardar a agrobiodiversidade. Deverá ainda ser preferencialmente sazonal e local (se tal permitir também encurtar as cadeias de valor e reduzir distâncias percorridas no transporte e tempo de armazenamento, especialmente sob refrigeração).
Como pode observar-se na figura 2, a carne de aves e os ovos estão localizados a meio de ambas as pirâmides, significando que a sua ingestão em quantidades moderadas é recomendada e, em geral, o impacto ambiental da sua produção (do prado ao prato) é também ele moderado, sobretudo quando comparado com outras carnes. Posições extremadas de certas franjas de consumidores, não são, em geral, apoiadas por evidências científicas e são por vezes acompanhadas de distúrbios comportamentais e psicossomáticos [12,13] cuja motivação pode provir, por exemplo, da necessidade de diminuir o consumo médio de carne, a nível global [14]. No entanto para atingir essa meta bastará seguir uma padrão alimentar sustentável, como as dietas asiática ou mediterrânica, que se destacam pela moderação e variedade (fig. 2), respeito pelas culturas locais e outros benefícios.


Figura 2: Modelo da dupla pirâmide, para a dieta mediterrânica, conjugando as recomendações para uma alimentação saudável com o impacto ambiental dos mesmos alimentos; Fonte: Barilla Foundation & Research Unit on Nutrition, Diabetes and Metabolism, University of Naples Federico II, 2021. A one health approach to food, the Double Pyramid connecting food culture, health and climate.

O recenseamento agrícola de 2019 [15] revelou que as explorações avícolas têm vindo a criar mais valor por área útil, com implicações ao nível de um indicador relevante: a ocupação de terrenos agrícolas (SAU). Examinando em detalhe, verifica-se que a maior parte da produção do setor corresponde a frangos de carne e ovos maioritariamente criados no solo ou em gaiolas melhoradas mas sem acesso ao exterior. A criação de efetivos em regime extensivo é de cerca de 2% e a proporção de outras aves (como perú, pato, codorniz, avestruz, pombo de carne) é igualmente baixa. Existe provavelmente margem para diversificação de produtos e adaptação do modo de produção, visando o equilíbrio entre requisitos de bem-estar animal, produtividade e preferências do consumidor. Contudo, a dicotomia entre modo de produção orgânico e modo de produção intensivo pode ser uma falsa questão (figura 3) e análises simplistas são por isso de evitar.
A figura acima (fig. 3) representa o rácio de vários indicadores de impacto ambiental entre os modos de produção biológico e convencional, de forma a evidenciar as melhorias do modo de produção biológico na zona inferior do gráfico (rácio < 1). Focando o leitor a sua atenção nas barras amarelas e verde-água, constatará que apenas são visíveis vantagens claras do modo de produção biológico na redução dos consumos energéticos. Ou seja, os dados médios, assim apresentados, apenas revelam, mais uma vez, a complexidade dos sistemas alimentares, que cruzam transversalmente diversos ODS, envolvem inúmeros tipos de negócio e utilizam recursos de forma distinta.


Figura 3: Comparação entre o desempenho ambiental de modos de produção convencionais e biológico, incluindo carnes (a verde-água) e lacticínios e ovos (a amarelo), com base nos indicadores (da esquerda para a direita): pegada de CO2, uso da terra (SAU), poluição (eutroficação e acidificação) e consumo energético.

As mudanças em curso, ou seja, as transições para um modelo de economia circular são inevitáveis no setor avícola e terão vantagens competitivas as empresas que anteciparem esse processo, tomando a iniciativa, liderando a evolução da situação, implementando melhorias a vários níveis e trabalhando a sua capacidade de resiliência.
De uma maneira geral a migração para a economia circular, quando bem planeada e apoiada traz ganhos expetáveis a curto prazo (ex. poupança energética e valorização de subprodutos), bem como a longo prazo (reputação, capacidade de inovação e de resposta rápida a externalidades) e são alavancadas pelas tecnologias de informação (TI). As TI permitem a pequenos produtores encontrar clientes nas redes sociais e permitem a organizações maiores armazenar e correlacionar grandes volumes de informação, garantir uma maior visibilidade a nível global e gerir melhor todo o processo que se prevê cada vez mais automatizado.
A digitalização é fulcral na migração para a economia circular mas a seleção das ferramentas e o grau de informatização e automatização de processos dependerá da dimensão e necessidades da empresa. Quanto maior for a sua exposição online, maior a necessidade de medidas de cibersegurança. Outras ameaças externas a considerar decorrem diretamente das alterações climáticas, de alterações nos hábitos de consumo e das crescentes exigências ao nível do tratamento de efluentes. As empresas terão cada vez mais necessidade de trabalhar a sua capacidade de resiliência, analisando cenários de respostas a essas e outras ameaças externas, com a agilidade necessária para garantir a continuidade de negócio.
A adaptação ao novo paradigma da economia circular, acarreta mudanças efetivas e deve, por isso, ser alvo de planeamento cuidadoso, podendo o delineamento de tal estratégia basear-se nas respostas às questões abaixo:

O produto em si é sustentável?
Esta questão foi respondida acima para os ovos e para a carne fresca de aves. Deve ser ponderada no caso de existir processamento alimentar, por forma a evitar investimentos em alimentos que são simultaneamente nocivos para a saúde (nutricionalmente desequilibrados) e para o ambiente (devido a incorporação de CO2 importado). Um exemplo são os chamados “nuggets”, contendo óleo de palma, excesso de açucares e sódio, etc.

O processo é sustentável?
A análise poderá ter de ser feita caso a caso, devido à diversidade de modos de produção encontrados no setor e pelas razões acima expostas. Poderá existir margem para aumentar a produção de carne e ovos “bio”, em resposta à procura, acrescentando valor e se tal permitir conservar recursos e melhorar a resiliência. A reconversão de algumas unidades de produção poderá ser ponderada, embora a questão não seja linear, conforme acima exposto, nomeadamente pela necessidade de maior área (SAU). Simples mas exaustivas análises de fluxos financeiros e de bens e serviços (otimização ao nível da gestão) bem como análises a balanços de massas (otimização de processo) permitirão certamente identificar áreas onde será possível melhorar a relação benefício – custo. Será muito provavelmente possível identificar pontos críticos ao nível do desperdício alimentar e de embalagem, reduzindo-os. É incontornável ponderar a redução de efluentes e resíduos, equacionando inovações ao nível da valorização de subprodutos.

A cadeia de valor é sustentável?
Numa ótica de redução do impacto ambiental (com eventuais benefícios fiscais e preferência do consumidor), o produtor deverá selecionar cuidadosamente os seus fornecedores para assegurar boas práticas a montante, que possam ser confirmadas por sistemas de rastreamento, conforme ocorre já ao nível da segurança alimentar, antecipando assim a adoção de indicadores de desempenho ambiental. Cadeias longas² deverão ser evitadas e a montante, a compra direta ao produtor, de preferência local, deve ser privilegiada. Cadeias de distribuição curtas permitem, em geral, reduzir custos com transportes e armazenamento, sob refrigeração, minimizando a pegada ecológica.

A empresa preocupa-se com a sua imagem e responsabilidade corporativa?
As suas práticas de gestão e de negócio são adequadas e transparentes? Existe uma boa comunicação interna e relações de confiança com os clientes, fornecedores e outras partes interessadas? Existem estruturas mínimas para gestão do risco e de crises, incluindo planos de continuidade do negócio? A resposta a estas questões obrigará certamente a uma análise das práticas internas, seja por meio de auditorias, seja através da consulta aos colaboradores e/ou estudos de mercado, consoante as necessidades e meios da empresa. Simples inquéritos de satisfação a clientes e fornecedores e recolha de sugestões de melhoria junto de todos os colaboradores e demais partes envolvidas poderão ser bastante informativos. Num âmbito mais alargado, será também de especial relevância rever os diversos elementos associados às cadeias de abastecimento de que o negócio da empresa depende. Neste contexto de emergência climática e tendo em conta as mudanças em curso, cada empresa independentemente da sua dimensão terá certamente interesse em estabelecer compromissos voluntários que traduzam metas no sentido da transição para o modelo circular. Numa fase inicial a celebração dessas metas poderá ser interna e publicitada apenas se o sucesso alcançado for considerado relevante para a sociedade e facilmente percebido pelo consumidor. Numa fase mais avançada poderá ser mais eficaz e desejável que cada empresa assuma compromissos voluntários publicamente após programação de ações para atingir objetivos incrementais pré-estabelecidos.
Em resumo: Não será possível continuar a produzir e a consumir como até aqui e terão vantagens competitivas as empresas que mais cedo identificarem e implementarem as medidas necessárias à mudança.

 

¹ Economia circular é um modelo de produção e consumo que envolve partilha, “leasing”, reutilização, reparação, reformulação e reciclagem de produtos e materiais existentes, enquanto for possível, com vista a aumentar o mais possível o ciclo de vida dos produtos. No caso das indústrias alimentares, os subprodutos de certas indústrias podem ser matérias-primas de outras, criando novas fontes de valor acrescentado e reduzindo os resíduos ao mínimo.

² Uma cadeia é longa se envolver um número elevado de atores e curta no caso contrário, independentemente das distâncias percorridas. Este conceito é frequentemente confundido com o de cadeias locais, em que existe proximidade geográfica entre os atores.

 

Referências:

  1. Turney, C., Palmer, J., Maslin, M. A., Hogg, A., Fogwill, C. J., Southon, J., Fenwick, P., Helle, G., Wilmshurst, J. M., McGlone, M., Bronk Ramsey, C., Thomas, Z., Lipson, M., Beaven, B., Jones, R. T., Andrews, O., & Hua, Q. (2018). Global Peak in Atmospheric Radiocarbon Provides a Potential Definition for the Onset of the Anthropocene Epoch in 1965. Scientific reports, 8(1), 3293. https:// doi.org/10.1038/s41598-018-20970-5.
  2. United Nations. NDC Global Outlook Report 2019. The Heat is On. Taking Stock of Global Climate Ambition. UNDP and UNFCCC, Bonn, Germany and New York, USA.
  3. World Metereological Organization. Climate change and impacts accelerate. Press Release Number: 16092021. Published 16 Sept 2021. Disponível em: https://public. wmo.int/en/media/press-release/climate-change-andimpacts- accelerate (24 Setembro, 2021).
  4. Dasgupta, P. (2021), The Economics of Biodiversity: The Dasgupta Review. (London: HM Treasury). Disponível em: www.gov.uk/official-documents (24 Setembro, 2021).
  5. CE (2020). Proposta de Regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho que estabelece o quadro para alcançar a neutralidade climática e que altera o Regulamento (UE) 2018/1999 (Lei Europeia do Clima). Disponível em: https:// eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri =CELEX:52020PC0080&from=EN (24 Setembro, 2021).
  6. Dorothea A.; Martin G. (2008). Drought in the Mediterranean. WWF Germany, Frankfurt. WWF International.
  7. Cardil, A., Vega-García, C., Ascoli, D., Molina-Terrén, D. M., Silva, C. A., & Rodrigues, M. (2019). How does drought impact burned area in Mediterranean vegetation communities?. The Science of the Total Environment, 693, 133603. https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2019.133603.
  8. IUCN. Species. Mediterranean Basin Biodiversity Hotspot. Disponível em: https://www.cepf.net/our-work/biodiversity- hotspots/mediterranean-basin/ (22 Setembro, 2021).
  9. Guiné, R. P. F., Bartkiene, E., Florença, S. G., Djekić, I., Bizjak, M. Č., Tarcea, M., Leal, M., et al. (2021). Environmental Issues as Drivers for Food Choice: Study from a Multinational Framework. Sustainability, 13(5), 2869. http://dx.doi.org/10.3390/su13052869.
  10. EUFIC (2006). The factors that influence our food choices. Disponível em: https://www.eufic.org/en/healthy-living/article/ the-determinants-of-food-choice (24 Setembro, 2021).
  11. Our world in data. Per capita consumption-based CO2 emissions, 2018. Disponível em: https://ourworldindata. org/grapher/consumption-co2-per-capita?country=~PRT (22 Setembro, 2021).
  12. Fasano, A., Sapone, A., Zevallos, V., & Schuppan, D. (2015). Nonceliac gluten sensitivity. Gastroenterology, 148(6), 1195–1204. https://doi.org/10.1053/j.gastro. 2014.12.049.
  13. Barthels, F., Barrada, J. R., & Roncero, M. (2019). Orthorexia nervosa and healthy orthorexia as new eating styles. PloS one, 14(7), e0219609. https://doi.org/10.1371/ journal.pone.0219609.
  14. Willett, W., Rockström, J., Loken, B., Springmann, M., Lang, T., Vermeulen, S., Garnett, T., Tilman, D., DeClerck, F., Wood, A., Jonell, M., Clark, M., Gordon, L. J., Fanzo, J., Hawkes, C., Zurayk, R., Rivera, J. A., De Vries, W., Majele Sibanda, L., Afshin, A., … Murray, C. (2019). Food in the Anthropocene: the EAT-Lancet Commission on healthy diets from sustainable food systems. Lancet (London, England), 393(10170), 447–492. https://doi. org/10.1016/S0140-6736(18)31788-4.
  15. Aves e Ovos. Abril/Junho 2021. Nº 270. Ano XXXVII. FEPASA. Federação Portuguesa das Associações Avícolas.